Aprendi desde cedo que dia de aniversário é dia de festejo. Então como hoje é aniversário de Santarém, vamos festejar. Certo? Errado. Embora tenha pensado durante muito tempo dessa forma, entendo que datas como esta, devem ser muito mais momentos de reflexão do que dia de festas e festejos.
Santarém padece de um sentimento de pertença de seus habitantes. A cidade cresceu sem planejamento de curto, médio e longo prazo. Até hoje, com raras exceções, não conseguimos desenhar um modelo que faculte a participação direta dos seus habitantes nos assuntos que lhe dizem respeito diretamente e que origina sua cidadania.
O modelo de cidade observado em Santarém incentiva a especulação provocando um desenho estranho que separa seus moradores e não oferecem serviços públicos adequados para a maioria deles. O transporte que vale e estimulado com finalidades eleitorais é o individual e não o coletivo. Espaços de lazer para a maioria das pessoas, nem se conta, parece que para os nossos gestores, o lazer é luxo e não uma necessidade existencial. As políticas públicas de saúde e educação são precárias e como outros direitos da cidadania não são reconhecidos de fato. Observo que a burocracia rouba os sonhos e as estratégias de uma Santarém melhor, já dizia José Lutzenberger, um ícone da reflexão ambiental brasileira, “o que toda burocracia persegue é sua própria sobrevivência e ampliação.” Ela se alimenta dela mesma.
Dentro do processo de construção da cidadania faz-se importante reaprender um conceito básico e que talvez fosse um dos presentes que poderíamos dar a terrinha : o bem comum. Santarém é de todos que nela mora, trabalha, estuda e sonha. A Pérola é nossa. O quintal (zona urbana e rural) do município é de todos munícipes. Assim como quero cuidar bem do meu apartamento, casa, carro devo fazer também com a cidade. E mais, precisamos nos reconhecer parte do município, que convive nele – assim seremos partícipes, resgatando o sentido de pertencer a Santarém. Desaprendemos não apenas usar o “nosso”, mas, conviver, partilhar, participar ficou distante. O que está na rua não é comigo – cuido apenas do meu quintal; a sujeira na praça não é comigo; o ponto de ônibus quebrado não me diz respeito; o esgoto que drena para dentro do Tapajós não é problema meu; hospital municipal funcionando de maneira precária e médico que recebe super-salário mas não trabalha não é comigo.
A Santarém que queremos deve irradiar alegria, felicidade e garantir cidadania para todos. Por isso deve ser pensada, desenhada e implementada com a participação da maioria e não só dos sabidos, dos entendidos em seus pedaços. É incrível como até hoje não experimentamos com freqüência plebiscitos e referendos sobre assuntos que dizem respeito a todos. Isso mesmo, Santarém deve crescer e desenvolver-se ouvindo permanentemente as prioridades de seus moradores.
Parabéns Santarém. Te quero bem!
Podalyro Neto
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