segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Beirada do Tapajós: uma sugestão para uso e ocupação racional.

Erik Jenings – Médico Neurocirurgião e morador do Pajuçara

Acho que esta questão de carro e moto na praia está próxima a ser resolvida. Infelizmente a solução deverá ser resultado do caos e não de um ordenamento público liderado pelas autoridades do município, como deveria ser. A praia não é , nunca foi e não será via de acesso as comunidades , por veículos motorizados. Andar com caro e moto na praia, ou mesmo deixá-los estacionados vai contra a Lei No. 15.505/95 que regulamenta a atividade náutica e de lazer nos balneários de Santarém) e contra o plano diretor da cidade (art. 137) e previsto multa pela portaria municipal de 1999. Porém, não podemos negar que toda essa orla está sendo ocupada pela iniciativa privada e negligenciada pelo poder público. Muitas pessoas poderão no futuro ter dificuldades para aproveitarem as praias por falta de acesso ou por não terem onde deixar o carro. Toda a beira já tem um dono, inclusive eu muitos amigos, utilizando ou não o terreno. No meu caso, não se trata uma casa de final de semana, mas sim minha residência por mais de dez anos. Por outro lado, assim como no campo, as comunidades estão sendo cada vez mais afastadas de seus locais de origem. Migram para um local um pouco mais distante da margem ou vão para a cidade. Em uma situação intermediária, sobrevivem algumas comunidades da economia de serviços prestados nos finais de semana, muitas vezes em condições instáveis de trabalho e sem estrutura de saneamento.

A implementação de uma política de ocupação da orla fluvial de Santarém é necessária. Está na hora do poder público definir algumas áreas, para as pessoas que não possuem propriedades e que não queiram ir de barco terem acesso a esta orla fluvial. Um espaço público. Um lugar onde proprietários de veículos possam estacionar com segurança e descerem, andando, obviamente, para aproveitarem as praias. Este mesmo local pode oferecer, além do estacionamento, estrutura para atar uma rede, coletores de lixo, armários e serviço de comunicação. Estaria localizado na beira do rio, mas não na praia. Seria então na “beirada”. O poder público ordenaria e a comunidade exploraria os serviços, com parte da renda revertida para melhorias estruturais. Coisa simples, sem muito custo, porém sustentável.

Algumas áreas, ficariam uma beleza com uma “Beirada”. Por exemplo, a ponta do Mureta, próximo a Alter –do- chão não tem acesso, nem local onde deixar carros e motos. É uma praia belíssima. Tudo bem que podemos ir de barco, mas a demanda daqueles que vão de carro está cada vez maior. Se quisermos livrar de uma vez por todas as praias de carros e motos, temos que fiscalizar, denunciar, mas dar condições ao seu uso racional. Se regulamentada, e dado a oportunidade essa parcela da população também pode colaborar na preservação, deixando o carro fora da praia. Deixando-o na Beirada. Acho que ficaria bom uma Beirada do Mureta, Beirada do Jutuba, Beirada do Pajuçara, Beirada do Cururu.

Enquanto isso, andar de carro e moto na praia dá advertência e multa. Se a prefeitura não fiscaliza temos que fotografar as placas e mandarmos para quem tem o dever de tomar alguma providência. Desta forma estaremos colaborando para o poder público tomar providencias imediatas e quem sabe até implementar um projeto de uso e ocupação racional e sustentável, que poderá ser chamado de ZEE (Zoneamento ecológico econômico) da orla Fluvial de uma de nossas maiores riquezas: as praias. Mesmo sem locais públicos, hoje existem várias comunidades por onde se pode chegar as praias. De forma alguma a sugestão aqui proposta pode ser usada como desculpa para fazer da praia estacionamento ou pista de corrida. É mais uma preocupação com o futuro. Na situação atual andar de carro e moto na praia prejudica mais ainda a renda das comunidades ribeirinhas e afasta cada vez mais esta população do local de origem.

Deixo a idéia e discussão, lembrando que não devemos repetir experiências como as barracas do Maracanã ou as barracas do Pajuçara, porém temos que aproveitar a boa vontade daqueles que gostam deste rio e que necessitam de um local adequado para terem estacionamento e acesso as suas maravilhas, poderem apreciar um dos rios mais bonitos do mundo. Tomar um banho de água doce, sem gosto de óleo de carro, sem preocupação em ser atropelado e sem a feiúra de uma prática criminosa e insustentável em todos os sentidos.

4 comentários:

  1. ÉRIC, MUITO BOA A TUA IDÉIA A RESPEITO DO BEIRADA, TAMBÉM MOSTROU PARA OS QUE FALAM AO CONTRÁRIO, QUE TU NÃO ÉS RADICAL CHATO E SIM SENSATO E PREOCUPADO COM O PLANETA, COMO TODOS DEVERIAMOS SER. TEVE UNS CARAS SEMANA PASSADA, QUE FALARAM EM CARROS NA PRAIA DE SALINAS. PARA OS COLONIZADOS QUERO DIZER QUE AQUILO NÃO EXISTE PARALELO EM LUGAR NENHUM E AINDA QUE É COISA DE EMPOLGADO E UM VERDADEIRO CULTO AO CARRO (ESTE SE TRANSFORMA NUM BEZERRO DE OURO, E OS DEVOTOS EM VOLTA COMENDO CARANGUEJO), O QUE NOS ENVEGONHA DE AINDA CONVIVERMOS COM ISSO NO PARÁ. CARRO TEM QUE FICAR É NA BEIRA OU NA BEIRADA GARÔTO. CONTINUA FIRME CABÔCO.

    ResponderExcluir
  2. Grande ideia ,Erick.Consegui visualizar. Fiz um comentario la no blog do Jeso, que reproduzo a seguir em adicao a sua excelente proposta:
    Imaginem que essa “beirada” fosse interligada por um Trem Flex, movido a energia solar e eletrica, fabricado com fibra de Curaua nos componentes permitidos, separado em vagoes para passageiros, terrace panoramico e cargas, que fariam toda a orla do rio Tapajos ate a fronteira com Belterra , obviamente onde fosse possivel priorizar essa rota, tendo em vista as casas que se encontram na orla do rio ,e as respectivas lides judiciais que inviabilizariam o projeto.
    Pois bem, para quem achar que estou sonhando alto, quero dizer que alto deveriam ser os trilhos que esse Tem Flex correria e transporia as cabeceiras de lagos e igarapes, considerando ja o previsivel aumento dos niveis das aguas.

    Imaginem ainda que em cada “beirada” dessas, poderiamos ter as estacoes dotadas de todo um mini comercio e respectiva e LIMPA estrutura, alem de atracoes diferenciadas que caracterizassem cada vilarejo.

    Imaginem ainda ,o quanto estariamos criando condicoes fundamentais e oportunidades a muita gente que hoje esta isolada pelas deficiencias infra-estruturais que temos, em decorrencia do nosso isolamento politico, eu pergunto.

    Imaginem mais ainda,o quanto circulariamos e promoveriamos as riquezas , sem poluir tanto, sem promover as ocupacoes de beira de estrada que miseravelmente esse modelo rodoviario nos penitencia.

    Seriamos o maior parque a ceu aberto do mundo ,dotado do tambem maior museu de historia natural do planeta. Enfim…
    Amigos, temos que ver pelo menos meio seculo na frente e entender que estamos aqui nao para usufruir somente do que a nossa terra-mae nos deu mas trabalhar muito para que nossos descendentes tenham uma melhor qualidade de vida e as futuras geracoes. se orgulharem de ser descendentes daqueles Tupaiu-Acu que sonhavam e encaravam seus desafios com a criatividade, caracteristica maior de uma das mais expressivas culturas amerindias.
    Obrigado pela oportunidade de termos um bom debate e discutirmos ideias grandes, quanto ao que sera nossa terra daqui a algumas decadas e como enfrentaremos os desafios.

    ResponderExcluir
  3. OLHA TURMA, ESSE ARTIGO DO ÉRIK FOI POSTADO TAMBÉM NO BLOG DO JESO E LOGO MERECEU DO TIBÉRIO ALLÓGIO, UM COMENTÁRIO, QUE EMBORA NO QUE SE REFERE AO ARTIGO EM SI, ATÉ QUE FOI DECENTE, PORÉM INICIOU APROVEITANDO PARA ESPINHAR O DR.ÉRIK DIZENDO:“ QUE BOM O DR. ERICK (VELHO DINOSSAURO DA LUTA AOS JIPEIROS) TIROU (POR UM INSTANTE) SUA FARDA CORPORATIVA DE MÉDICO PARA ENXERGAR UM PROBLEMA SISTÊMICO”. FIZ UM COMENTÁRIO E O JESO ACHOU POR BEM (ELE TEM TODO O DIREITO O BLOG É DELE), EMBORA JÁ TENHA PUBLICADO TUDO QUE É DOIDICE QUE O CABO GIL ESCREVE (TALVEZ SEJA PORQUE O SURUCUALENSE JÁ É TIDO COMO BIRUTA) E O MEU ELE POSTOU PARCIALMENTE. ESTOU MANDANDO PARA O BLOG DO PAJÚ PRA VER SE VOCES TEM CORAGEM DE PUBLICÁ-LO NA INTEGRA:

    OLHA TIBÉRIO, ACHO QUE TENS ALGUMA ANORMALIDADE NA CABEÇA, QUE TALVEZ UMA RESSONÔNCIA MAGNÉTICA E A COMPETENCIA DO DR. ÉRIK NOS DESSE ALGUMA DICA. TUDO QUE FALAS DELE OU DA TURMA DO PAJU É SÓ PRA DERRUBAR. CARA, VAMOS FAZER UMA PEQUENA REFLEXÃO, O DR. ÉRIK SE PREOCUPA COM ESSAS COISAS PORQUE AMA ESSA TERRA, NASCEU AQUI, SE CRIOU ALÍ NA BEIRADA, TOMANDO BANHO TODO DIA NO TAPAJÓS, QUANDO O AMAZONAS DEIXAVA, FLUTUANDO EM CÂMARAS DE AR DE PNEUS DE CARRO, ENRABANDO TRONCOS DE BANANEIRAS QUE ENCOSTAVA NA PRAIA TRAZIDOS PELO RIO, PARTICIPANDO DE CAMPIONATO DE BRONHA COM A MULECADA. TU TIVESTE ISSO ALGUMA VEZ NA EUROPA, SEU DESCENDENTE DE CALÍGULA E DE NERO.
    TIBÉRIO, SE FOSSE EMBORA DE SANTARÉM, FARIAS A MESMA FALTA E TERIAS A MESMA IMPORTANCIA DE UM TORETE DESCENDO O RIO.

    ResponderExcluir
  4. Caro anônimo:
    Este cidadão é daqueles que não merecem réplica ou respostas. Ele faz bem o seu papel, é bem mandado e depende disso para sobreviver. Por isso já virou motivo de chacota no mundo real e virtual
    Usa a estratégia de repetição,do sarcasmo, tentando denegrir a imagem de pessoas de bem. Faz ironias e críticas à classe médica, esquecendo que faz parte de uma ONG que tem como forte atendimento médico a comunidades ribeirinhas. Aliás, seu posicionamento e atitudes só tem afastado novos parceiros à ONG, que desempenha um interessante trabalho diga-se de passagem.
    Ataca sempre em seus artigos (?) a turma do Paju, ficando claro que o incomodamos ele e seus chefes.
    Resumindo, não perca tempo com esse insignificante cidadão italiano, afinal é isso que ele quer.

    ResponderExcluir