sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Maranhão industrial e o Pará Colonial

O Anúncio do plano de investimentos do nosso estado vizinho, mostra como o Pará está ficando para trás em TODOS os aspectos que se podem considerar em termos de desenvolvimento econômico, humano e ambiental.
O estado mais pobre do país, detentor dos menores IDH´s e tradicionalmente "fornecedor" de mão de obra barata e muitas vezes escrava justamente aos "pujantes" e insanos empreendimentos paraenses, mostra hoje ao recuperar - com justiça - o tempo perdido, a passividade e a falta de rumos daquele que já foi a grande potência amazônica.
O Maranhão, o mesmo estado da miséria citado acima é também o da família Sarney, do ministro das minas e energia, dos lobies empresariais. Apresentou ontem uma projeção de investimentos de aproximadamente R$ 85 bilhões até 2015 onde o maior investimento é o da Refinaria Premium da Petrobras. Veja os valores dos principais investimentos por empresa:

- Refinaria Premium da Petrobras – R$ 40 bilhões;
- Ampliação da Alcoa, que produz alumina – R$ 5 bilhões;
- Fábrica de celulose da Suzano em Imperatriz – R$ 4 bilhões;
- Usina hidrelétrica em Estreito – R$ 3,6 bilhões;
- Termelétrica de São Luís – R$ 1,5 bilhão;
- Construção do atracadouro da Vale – R$ 4 bilhões;
- Construção da aciaria em Açailândia – R$ 300 milhões;
- Ampliação da fábrica da Ambev – R$ 144 milhões;
- Mineradora Arizona em Godofredo Viana – R$ 80 milhões;
- OGX vai procurar gás natural na bacia do Parnaíba - 60 milhões;

Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, só para a refinaria Premium, em Bacabeira, serão necessários 27 mil trabalhadores na fase de construção e montagem.
Desse total, 22.600 vão passar por um treinamento. Na fase da construção vão ser utilizados 11.500 trabalhadores e 11.100 para a montagem da refinaria.

Detalhe, ao contrário dos investimentos feitos no Pará, os empreendimentos do maranhão são de indústrias e não extração de recursos naturais no melhor (pior) estilo colonial como acontecem por aqui.
A versão dos empresários para a escolha do Maranhão é porque encontraram uma posição geográfica privilegiada nas regiões Norte e Nordeste do país.
Mas ainda são necessários investimentos nas áreas de transporte, como a melhoria da malha viária e a ampliação do Porto do Itaqui.É preciso bastante ingenuidade para acreditar que estes são os únicos motivos.

Segundo a governadora tampão deles, Roseana Sarney, esses problemas serão resolvidos com a parceria entre o governo e as empresas. A família Sarney mostra que é pura balela a versão de que é preciso estar no mesmo partido do presidente para conseguir alguma vantagem com o governo federal, que neste caso, é o grande fomentador destes investimentos.

Os empresários que farão esta festa lá no maranhão também se queixam da falta de disponibilidade de energia no estado... Adivinhem aonde irão buscar esse precioso recurso sem se preocupar com os passivos gerados e a preço pra lá de amigável?

Enquanto o irmão pobre prospera e usa a política de forma estratégica para garantir crescimento econômico, a "Sentinela do norte" regride e se afirma como a maior colônia de recursos naturais. Recursos esses cada vez mais finitos, que deixam cada vez mais passivos ambientais e humanos e cada vez menos vantagens para a esmagadora maioria da população.

A insustentabilidade de nosso brutal e predatório modelo extrativista (mineral, florestal, pesqueiro, hídrico), associado a um dos mais ineficientes e irresponsáveis usos do solo que gera conflitos agrários por absoluta falta de regras claras, exige uma ruptura urgente deste modelo que nos arrasta gradativamente na contramão do mundo e expõe a pequenez, a incompetência e a falta de visão de Belém e suas elites em relação ao potencial deste estado que hoje se resume à rudeza pagã e não ao Colosso das ricas florestas.

2 comentários:

  1. É no mínimo triste ler uma matéria em que o autor visa criar um clima de competição e discórdia entre dois Estados-irmãos desde a era colonial! Somos parte de uma mesma realidade em que a pobreza e a injustiça são os grandes destaques.O Maranhão realmente tem um IDH vergonhoso, mas a chegada de novos investimentos surge como a esperança de uma vida melhor para toda a população da região norte-nordeste. O momento é de alegria e jubilo!
    Que venham os novos investimentos para o Maranhão! Viva o "Povo Maranhense."
    Raul Frankllim de C. Almeida

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  2. Caro Raul,

    Obrigado pelo comentário, entretanto, ou o texto de minha autoria não foi lido por inteiro ou a leitura foi demasiada seletiva. Entendo que textos longo desestimulam a leitura, especialmente a quem não está habituado.

    Faço um convite, releia o texto inteiro e me aponte uma única palavra que possa insinuar discórdia e competição negativa em relação ao Maranhão. Se me evidenciar, eu retiro o texto do ar.

    O texto não foi para criticar o Maranhão, pelo contrário. Coloco-o como um exemplo. O Maranhão está fazendo o que precisa ser feito. Não ouso discutir os "meios" utilizados para atrair tantas empresas, mas fico realmente feliz por ver um estado que tradicionalmente sempre se associou a manutenção da miséria, para deleite das oligarquias, tomar atitudes maduras e sérias. Espero que o IDH do Maranhão dispare, assim como o do Pará e de todos os outros estados irmãos. O que se apresenta, entretanto é mais um desequilíbrio, que em hipótese alguma foi causado pelo Maranhão e sim pela omissão do Pará.

    O que me deixa realmente triste enquanto paraense é a total falta de planejamento do que fazer com os recursos naturais do meu estado. O Pará que já foi uma estado voltado para a indústria, hoje se contenta com a condição colonial.

    Obrigado pela visita e continue colocando seu ponto de vista.

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