Erik L. Jennings simões
Em um estado que abrigam descendentes do espírito cabano, um interior com diversidade cultural e de personalidade própria, além de pescadores de toda sorte, não poderíamos esperar outro resultado das urnas, que não uma verdadeira revolução pelo voto. Uma situação que lembra uma nova Cabanagem, só que desta vez eletrônica, nas urnas.
O povo paraense foi de espírito revolucionário, quando disse ao presidente Lula: elegeremos a Dilma, mas nem de aniversário lhe daremos a reeleição da Ana Júlia. No Pará, a candidata Dilma venceu, mas sua companheira Ana Júlia perdeu a eleição com tudo na mão: poder, a máquina do Estado, governo Federal do mesmo partido e várias visitas do presidente mais popular dos País pedindo voto para a companheira. Lula e seus assessores já sabiam que a missão era difícil, devido à péssima avaliação popular do governo Ana, porém sua maior convicção se tratava não de estar apoiando um governo fracassado, mas sim de lutar contra um candidato tucano. Mas, curiosamente, o Pará foi o único Estado que no segundo turno milhares de pessoas votaram 13-Dilma, mas 45-Jatene.
Em uma situação mais pontual, os Santarenos mostraram personalidade e disseram por que esta região do baixo amazonas quer ser Estado. Simão Jatene ganhou os dois turnos, com A MAIOR diferença de votos, quando se considera os dez maiores colégios eleitorais do Pará. Uma verdadeira lição (para não dizer surra) de exercício de cidadania. A vitória em terras mocorongas veio mais pela péssima administração dos governos estadual e municipal, que propriamente pela competência (amplamente reconhecida) de Jatene e Helenilson.
Os números mostraram que no primeiro turno, quando a prefeita de Santarém pouco se manifestava em favor de Ana Júlia, Jatene obteve 58,16% dos votos, contra 26,27% de Ana Júlia (diferença de 31,89%). Já no segundo turno, quando a prefeita de Santarém resolveu se envolver mais e pedir voto para a companheira, a diferença cresceu de 31, 89% para 35,84% em favor de Jatene ( Ana 32,08% e Jatene 67,92%). O Santareno disse que não adianta obras de última hora para ganhar eleição. Não adianta inaugurar pronto-socorro em vésperas de eleição com materiais e equipamentos retirados do Hospital regional. A população levou em conta que ao mesmo tempo em que se inaugurava, às pressas, o novo pronto-socorro, o velho caia pela segunda vez na cabeça dos pacientes, enquanto no novo, chovia mais dentro que fora. Santarém mostrou que deixar o Hospital Regional fechado, lacrado pelo governo Ana durante um ano e meio, trouxe danos irreparáveis para os caboclos daqui, e conseqüentemente danos eleitorais.
Em Santarém, Dilma perdeu, Carlos Martins perdeu, Paulo Rocha perdeu e Ana Júlia Perdeu. A prefeita Maria do Carmo tem mais dois anos para mudar essa situação. Os resultados revelam a necessidade de reflexão e atitude, não mais para a última hora.
A campanha midiática e preconceituosa tentando relacionar a imagem de pescador a preguiçoso parece que trouxe resultados desastrosos. Mostrou que o desespero panema de gestões ineficazes deve dar lugar, a partir de agora, a preocupações em início de mandato com projetos de verdadeiro interesse público e sustentáveis em todos os sentidos.
Em 2010, mocorongos, pescadores e novos cabanos mostraram que a história do Pará pode ser escrita com o interior do Estado, com simplicidade e sabedoria de pescador e o velho espírito guerreiro de nossos antepassados.
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