Convidada pelo PV para ser candidata à Presidência, a senadora Marina Silva (PT-AC) se sente atraída por um projeto político em que o desenvolvimento sustentável tenha "envergadura". A petista afirma que não ficará mais oito anos no Senado caso isso signifique "acomodação com o pequeno espaço de poder" que já tem. Procurada nos últimos dias por lideranças petistas --como o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e o principal candidato à presidência do PT, José Eduardo Dutra-, afirma que conversará com todos antes de definir seu futuro político.
FOLHA - Como foi a proposta que recebeu do PV?
MARINA SILVA - Eu tenho uma relação com o PV desde a época do Chico Mendes. Há um mês eles fizeram uma reunião nacional e decidiram estabelecer um processo de refundação programática do PV, uma atualização programática do partido à luz do desafio do desenvolvimento sustentável. Deliberaram que a executiva nacional ia me formalizar o pedido de uma conversa. Pela relação de parcerias que eu tenho com o PV, eu não poderia deixar de ouvir.
FOLHA - É tentador?
FOLHA - É tentador?
MARINA - Não diria tentador. Eu sou movida a sonhos e determinação. Nesse aspecto não tem cálculo pragmático imediatista. Quero discutir ideias, visão de mundo, de país. Candidatura é fruto de um processo, não à priori. Fiquei de pensar e discutir com algumas pessoas. Não é fácil para mim essa discussão, mas não vejo como ela não tenha que ser feita, porque ninguém está fazendo com a envergadura que precisa ter. Alguém tem que começar, colocando como estratégico. Meio ambiente pode dar significado novo à política.
FOLHA - Há quem diga que sua candidatura à Presidência pelo PV interessa ao governador José Serra, pré-candidato do PSDB.
FOLHA - Há quem diga que sua candidatura à Presidência pelo PV interessa ao governador José Serra, pré-candidato do PSDB.
MARINA - Eu acho que as pessoas subestimam as coisas genuínas. Sempre tem que ser interesse de alguém, tem que ser estratégia de alguém, jogo de alguém. Será que meio ambiente não merece, por si mesmo, ser vontade própria daqueles que acreditam na causa? É mais uma tentativa de desqualificar essa urgência e essa questão tão importante. Porque, se for jogo de alguém, a causa não vale em si mesma.
FOLHA - E se a proposta for a de continuar senadora, mas pelo PV?
FOLHA - E se a proposta for a de continuar senadora, mas pelo PV?
MARINA - Eu já estou com 16 anos de mandato. Acho que contribuí com muita coisa ao lado de diversas pessoas. Mas partir para uma eleição novamente para mais oito anos, somando 24 [de mandato], teria que ser algo que eu sentisse que de fato tem uma contribuição viva a ser dada, e não uma acomodação com o pequeno espaço de poder que eu já tenho.
ANA FLOR da Folha de S.Paulo
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